26 de jun. de 2019

budismo, hinduísmo, tantrismo... mais uma trip "through the rabbit hole"

confesso que me identifico um pouco com todas estas filosofias esotéricas originárias do oriente, no sentido de conseguir "picar" algo de verdadeiro em cada uma - mas não ao ponto de deixar de olhar para o todo com um sentido crítico; o budismo centra-se à volta da figura de Sidarta Gautama e dos seus ensinamentos, e como acontece com a figura de Jesus ou Maomé, não se sabe até que ponto as pessoas reais viveram sequer, se foram avatares incarnados, se foram vulgares rebeldes cuja mensagem foi posteriormente dourada e aumentada pelos historiadores - não sabemos, não estivemos lá, não experimentamos. 
li, e não sei até que ponto a afirmação será verdadeira, que Buddha terá dito algo do género: "Eu não quero ir para o céu porque de qualquer das formas eu estou para além de todo sofrimento; onde quer que você me coloque, é assim que eu me sentirei. Então deixe-me ir para o inferno. Você diz que as pessoas sofrem lá, então eu vou fazer alguma coisa nesse lugar; em todo o caso, eu me desenvolvi de uma maneira que não posso sofrer. Então deixe-me ir para o inferno."
assim que li tive um click instantâneo - terá sido um sentimento semelhante que nos levou a querer incarnar neste planeta-prisão? em todo o caso eu não me revejo neste tipo de afirmação, e assim como não me revejo nestas novas tendências que defendem uma purificação e evolução através de uma fuga às pessoas e situações tóxicas (estás na merda, a culpa é toda tua, tu é que atraíste as situações, tu é que pediste para viver tudo isto antes de nascer, então fode-te praí sozinho) - dizer que se está para além de todo o sofrimento para mim é apenas uma posição de arrogância espiritual, e denota nada mais do que uma simples falta de empatia.
entendo que até certo ponto temos de nos afastar dos conflitos para nos podermos conhecer a nós mesmos, evoluir e crescer como pessoas, ninguém mais do que eu poderá defender essa posição - o que não quer dizer que nos tenhamos todos de refugiar no cimo de uma montanha, por muito apelativa que seja essa ideia!


de volta ao tema, o budismo está na moda, com toda a gente a querer decorar a casa com buddhas, mandalas e outros motivos zen, que sem qualquer tipo de dúvida são apelativos - assim como a banalização do yoga nas academias e até a banalização do sexo tântrico, de uma maneira tão escandalosa que a mim me parece mais uma prostituição da mulher no sentido de a escravizar ao ponto de a utilizar como um meio para obter poder e energia - lembram-se de Crowley e das suas discípulas? dizer que o sexo está na base de tudo é tão tipicamente freudiano, a mulher não tem de ser um meio para atingir um fim, se houver união entre o divino feminino e o divino masculino óptimo, mas não existindo isso não somos menos pessoas em nada, poderá ser um ponto de partida para outros voos e nunca uma obrigação... e isto das modas acaba por ser complicado porque sempre ficamos com a pulga atrás (o meu apelido na secundária era minoria, e não era por ser pequenina, mas sim por estar constantemente contra a maré) - será somente mais uma caixa para acomodar aqueles que estão fartos e desiludidos com o cristianismo? porque apesar de diferentes, ambas as ideologias se focam na noção do sofrimento, e no budismo há a ideia da flor de lotus que prospera nas águas lodosas e estagnadas de um lago, assim como a roda de samsara e toda essa treta, vamos reincarnar e resolver todos os problemas que causamos nas vidas passadas - de quantas vidas precisamos até atingir a iluminação? e não nos esqueçamos de evitar a carne para não absorver a energia dos animais na altura da matança - surprise, surprise, as plantas também têm sentimentos!
religiões que incorporam o sofrimento de uma forma ou outra não me convencem, e quem ou o quê beneficia com o sofrimento humano? haverá forma de conseguir que os nossos parasitas deixem de nos parasitar sem que definhem e morram? quando alguém descobrir uma ideologia que defenda uma maneira eficaz e justa de quebrar com todo o ciclo de sofrimento e parasitação, me avisa vai :), ou como Khaleesi diria, "I'm not going to stop the wheel. I'm going to break the wheel."