11 de ago. de 2012

Percepções lúcidas expandem as fronteiras da consciência humana - retirado do site Prevent Disease


Identificar quais são as áreas do cérebro que nos ajudam a percepcionar o nosso mundo de uma forma auto-reflexiva é difícil. Durante a vigília estamos sempre conscientes de nós mesmos. Durante o sono, no entanto, não estamos. Há pessoas, porém, conhecidas como sonhadores lúcidos, que podem tomar consciência do que sonham durante o sono. Esses sonhadores estão a fornecer dados para a compreensão  da base neural da consciência humana.
Os sonhos têm fascinado filósofos por milhares de anos, mas apenas recentemente foram submetidos a uma pesquisa empírica e ao estudo científico. Possívelmente você se questionou inúmeras vezes acerca do conteúdo misterioso de um sonho, ou talvez você já se tenha perguntado porque sonha com tudo. Apesar de existirem relatos anedóticos de pessoas que despertam dentro de um sonho desde há varios séculos, e mais de 50 % das pessoas relataram ter tido pelo menos uma experiência semelhante na sua vida, o primeiro estudo rigoroso do fenômeno foi apenas realizado no último século.

Estudos realizados com tomografia de ressonância magnética foram já capazes de demonstrar que uma rede específica cortical que consiste no córtex dorsolateral pré-frontal direito, as regiões fronto-polar e o precuneus são activadas quando este estado de consciência lúcido é atingido. Todas estas regiões estão associadas a funções de auto-reflexão. A capacidade humana de auto-percepção, auto-reflexão e desenvolvimento da consciência estão entre os mistérios não resolvidos da neurociência. Apesar das nossas técnicas modernas de imagem, ainda é impossível visualizar totalmente o que se passa no cérebro quando de transiciona da consciência para um estado inconsciente. O problema reside no facto ser muito difícil visualizar o nosso cérebro durante esta mudança de transição.

Embora de cada vez que uma pessoa acorda de um sono o processo seja sempre o mesmo, a actividade básica do nosso cérebro é geralmente muito reduzida durante o sono profundo. Isto torna impossível delimitar com clareza a actividade específica do cérebro subjacente à altura da recuperação da auto-percepção e consciência durante a transição para a vigília apartir das mudanças globais na actividade cerebral que ocorrem simultaneamente. Cientistas do Instituto Max Planck de Psiquiatria, em Munique e Ciências Humanas Cognitivas do Cérebro, em Leipzig e de Charité, em Berlim, estudaram pessoas que estão conscientes do que estão sonhando, no decorrer do estado de sonho, e que são também capazes de controlar deliberadamente os seus sonhos. Esses sonhadores lúcidos têm acesso às suas memórias durante o sonho lúcido, podem executar acções e estão conscientes de si próprios - embora permanecendo inequivocamente num estado de sonho e não acordado.

Como explica Martin Dresler,
     "Num sonho normal, temos uma consciência muito basal, experimentamos percepções e emoções, mas não estamos conscientes de que estamos apenas sonhando. É apenas num sonho lúcido que o sonhador recebe um meta-insight do seu estado."

Ao comparar a actividade do cérebro durante um desses períodos lúcidos com a actividade medida imediatamente antes de um sonho normal, os cientistas foram capazes de identificar quais as actividades cerebrais características da consciência lúcida.

     "A actividade geral de base do cérebro é semelhante num sonho normal e num sonho lúcido", diz Michael Czisch, chefe de um grupo de pesquisa no Instituto Max Planck de Psiquiatria.

"Num estado lúcido, porém, a actividade em determinadas áreas do córtex cerebral aumenta acentuadamente no espaço de segundos. As áreas envolvidas do córtex cerebral são o córtex dorsolateral pré-frontal direito, à qual comumente a função da auto-avaliação é atribuída, e as regiões fronto-polar, que são responsáveis por avaliar os nossos próprios pensamentos e sentimentos. O precuneus também é especialmente activo, uma parte do cérebro que tem sido relacionada com a auto-percepção. "

Os resultados confirmam estudos anteriores e tornaram as redes neurais de um estado mental consciente visíveis pela primeira vez.


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