17 de nov. de 2011

Três ragas por Ravi Shankar: raga ahir bhairav para o amanhecer, raga bhimpalasi para o final da tarde, raga mishra piloo para o início da noite

A música da Índia, essencialmente improvisada, de carácter descritivo e emotivo, baseia-se em quadros rígidos, complexos e constantes, que constituem o único elemento transmissível. Deriva de vários sistemas pertencentes a diferentes grupos étnicos e linguísticos (munda, dravidianos, arianos e outros). Toda a música indiana consiste num sistema de ragas que são memorizadas pelos executantes e que servem de base para as improvisações. As ragas são uma espécie de modos com 5, 6 ou 7 notas sobre as quais é criada toda a música. Cada raga está associada a uma estação do ano (primavera, verão, monções, outono, pré-inverno e inverno) ou a um momento do dia, desde o amanhecer até à noite. A raga deve “colorir” a mente, ou seja, estimular e levar o ouvinte a sentir uma determinada emoção. Todas as artes na Índia - música, dança, teatro e poesia - são baseadas no conceito de nava rasa, ou os "nove sentimentos". Rasa significa literalmente "sumo" mas aqui, neste contexto, devemos encará-lo como "emoção" ou "sentimento". A ordem desses sentimentos é a seguinte: shringara (romântico e erótico); hasya (humorístico); karuna (patético); raudra (raiva); veera (heróico); bhayanaka (medo); vibhatsa (desgosto); adbhuta (espanto); shanta (paz). Cada raga é dominada por um desses nove rasas, embora o cantor também possa trazer outras emoções de uma forma menos proeminente. Quanto mais de perto as notas de uma raga estiverem em conformidade com a expressão de uma única idéia ou emoção, mais avassalador é o efeito da raga.