Não querendo "remar contra a maré" do contentamento geral da consagração do fado, não posso ser hipócrita e afirmar por exemplo que adoro fado desde bébé ou algo do género; sim, é bom que surjam alguns motivos de alegria numa semana muito negra... Ainda bem que saiu finalmente a decisão, já não aguentava mais todo o circo que rodeou a candidatura! Enquanto os media estão focados neste tema, continuamos a ser explorados e roubados pelo sistema - mas não, amanhã já vamos trabalhar mais contentes (os que têm emprego), e esquecermo-nos de que temos cada vez menos poder de compra e que vamos ficar sem o subsídio de Natal. Eu até propunha a candidatura do futebol e de Fátima a património mundial... Fado, um género bem português, caracterizado pela noção de destino, desgraça, tristeza... Não importa que sejamos enrabados pelo Governo e pelo FMI, explorados pelos patrões, enganados pela nossa mulher - é o destino, não há nada a fazer! Sim, concordo que devemos respeitar e preservar as nossas tradições, mas a evolução é possível...
Fiquei bastante mais satisfeita com o anuncio do artigo do New York Times de hoje sobre o Porto, a louvar a noite portuense e a cidade em geral - vamos provávelmente assistir a uma maior afluência de turistas e curiosos; a cidade bem precisa, quem passeia por zonas que outrora eram muito movimentadas vê agora ruas inteiras com lojas fechadas, vidros partidos e locais onde os sem-abrigo pernoitam...
