Os Pequenos Prazeres, Eugénio de Andrade
O copo de água fresca
sobre a mesa
a réstia de luz incendiando
ainda a mão,
as palavras que dão sentido à arte
dos dias a caminho do fim,
"a beleza
é o esplendor da verdade",
o sol
que dos flancos do muro sobe
ao olhar do gato,
o silêncio de ramo em ramo,
a chuva em surdina
na folhagem dos jardins
- a chuva e a cumplicidade
de Gieseking e Debussy.