30 de dez. de 2018

Viagem, Eugénio de Andrade





   Iremos juntos, separados,
   as palavras mordidas uma a uma,
   taciturnas, cintilantes,
   - ó meu amor, constelação de bruma,
   ombro dos meus braços hesitantes.
   Esquecidos, lembrados, repetidos,
   na boca dos amantes que se beijam
   no alto dos navios;
   desfeitos ambos, ambos inteiros,
   no rasto dos peixes luminosos,
   afogados na voz dos marinheiros.