muitas vezes me questionei sobre o motivo das campanhas de recolha de alimentos se realizarem nos supermercados, impelindo-nos ao consumo, beneficiando as grandes superfícies - nesta última feira estive em conversa com duas pessoas bastante genuínas, sobre o tema das caridades, e o assunto veio à baila quando confessei que ocasionalmente visitava algumas dessas associações que recolhem recheios de casa, a comprar uma peça ou outra a bom preço para vender ao fim-de-semana - ao que ambos se exaltaram - o rapaz que estava ao meu lado, um tipo calado e discreto, levantou-se enervado e começou a contar um pouco do seu percurso, de situações que se passaram com ele, como a do cabaz de natal da junta de freguesia, que supostamente deveria incluir meio bacalhau e que aparentemente foi surripiado por um dos funcionários da junta... "...eu sou pobre...", bradava ele, tão exaltado que já estava vermelho "...não tenho internet, e o meu carro é este..." e apontava para o carrinho de mão onde tinha trazido os discos que estava a vender - "você sabe o motivo dessas campanhas se fazerem nos supermercados? porque metade dos produtos são vendidos de volta para os supermercados a metade do preço - isto depois dos chefões dessas associações terem ficado com parte dos bens para levarem para casa..."- isso já eu sabia, não é preciso ter uma bola de cristal para adivinhar as verdadeiras motivações para as pessoas se envolverem em caridade, e o caso das raríssimas é apenas um exemplo - tanta gente contribui nessas campanhas ao fim-de-semana, e o número dos sem-abrigo diminui? claro que não! têm de haver pobres, se acabassem lá se ia a mama... a senhora por seu turno contou-me que em tempos fez limpeza numa casa que pertencia a um casal, um médico e uma professora reformados, e que estavam envolvidos numa dessas associações - pois na cave tinham um enorme compartimento onde armazenavam todo o tipo de bens que vinham para casa - indivíduos que possuíam uma boa reforma e que não tinham qualquer necessidade de açambarcar as coisas... acho engraçado que as pessoas me contem estes episódios e olhem para mim como se fosse uma burguesa decadente, a minha vontade é dizer-lhes "sou tão necessitada quanto vocês, não se fiem na minha aparência"
a isto vou acrescentar a minha experiência quando fui a uma conhecida instituição de protecção aos animais, depois de me atirarem com duas gatas bebés para dentro do jardim - as minhas pestes - e que eu queria esterilizar, porque na altura vivia numa casa térrea e nunca se sabe quando uma porta fica aberta e elas fogem para a rua, nem tampouco necessitava de ter gatos vadios a marcarem-me o jardim e a tentar entrar em casa - pois fui a essa associação e quem me atendeu deveria ser a "boss", pela atitude - inicialmente começou por desdenhar a gravidade da situação, inclusive dizendo que se não tinha meios para fazer face às despesas inerentes de ter um animal, mais valia entregá-lo! expliquei que estava desempregada, e que me tinha afeiçoado às gatinhas que tecnicamente me caíram em casa, que pedia apenas uma ajuda ou então que me indicassem um veterinário que fizesse uma atenção, então mostrei uma foto das bichinhas, onde se vê que uma delas é ceguinha de um olho - e foi nessa altura que gostaria de não saber ler expressões, vi perfeitamente que a fulana se preparava para me convencer a doar a gatinha, com o pretexto de que ela seria facilmente adoptada (desde que me conheço que desejava ter a capacidade de poder ler pensamentos, ultimamente estou mais céptica, tenho a certeza que se possuísse uma intuição mais aguçada eu seria muito mais infeliz, porque enquanto não sei das verdades nuas e cruas posso fantasiar coisas belas), a fulana estava-se a cagar para o animal, simplesmente viu ali a oportunidade de fazer uma campanha de angariação de fundos para ajudar a fazer uma hipotética intervenção para fechar o olho e sabe-se lá mais o quê...
a isto vou acrescentar a minha experiência quando fui a uma conhecida instituição de protecção aos animais, depois de me atirarem com duas gatas bebés para dentro do jardim - as minhas pestes - e que eu queria esterilizar, porque na altura vivia numa casa térrea e nunca se sabe quando uma porta fica aberta e elas fogem para a rua, nem tampouco necessitava de ter gatos vadios a marcarem-me o jardim e a tentar entrar em casa - pois fui a essa associação e quem me atendeu deveria ser a "boss", pela atitude - inicialmente começou por desdenhar a gravidade da situação, inclusive dizendo que se não tinha meios para fazer face às despesas inerentes de ter um animal, mais valia entregá-lo! expliquei que estava desempregada, e que me tinha afeiçoado às gatinhas que tecnicamente me caíram em casa, que pedia apenas uma ajuda ou então que me indicassem um veterinário que fizesse uma atenção, então mostrei uma foto das bichinhas, onde se vê que uma delas é ceguinha de um olho - e foi nessa altura que gostaria de não saber ler expressões, vi perfeitamente que a fulana se preparava para me convencer a doar a gatinha, com o pretexto de que ela seria facilmente adoptada (desde que me conheço que desejava ter a capacidade de poder ler pensamentos, ultimamente estou mais céptica, tenho a certeza que se possuísse uma intuição mais aguçada eu seria muito mais infeliz, porque enquanto não sei das verdades nuas e cruas posso fantasiar coisas belas), a fulana estava-se a cagar para o animal, simplesmente viu ali a oportunidade de fazer uma campanha de angariação de fundos para ajudar a fazer uma hipotética intervenção para fechar o olho e sabe-se lá mais o quê...