8 de dez. de 2019

Alfred Lambremont Webre sobre o lançamento de uma plataforma onde expõe as suas ideias políticas em relação à humanidade




"divulgação das novas energias para teletransporte e viagens no tempo, implementação do teletransporte como sistema de transporte, reconhecimento de animais como seres sencientes, democracia online directa e segura, reinvenção do dinheiro como um direito público e utilidade pública como o ar, a água e a eletricidade, garantias sociais como uma forma de renda anual e assistência médica, educação fundamental para todas as pessoas do planeta durante toda a sua vida, perdão da dívida mundial, retirar poderes estatais a monarquias e religiões, criminalização da indústria de guerra, acusação criminal e condenação de crimes de guerra, como guerra climática e geoengenharia, HAARP, chemtrails, EMF e armas de grande escala, robotização na forma de trans-humanismo e genocídio da humanidade, fome, vacinas, GMOS, manipulação de ADN" 


Alfred assume-se aqui como uma espécie de embaixador humano num conselho galáctico de federações, onde estão incluídos pledianos, sirianos, alfa centauris entre outros; neste tipo de cenário estas seriam as directrizes, ou programas de governo defendidos por ele - a esta bela forma de utopia eu acrescentaria apenas alguns pontos:

1 - a preservação de florestas e ecosistemas como meio de salvar espécies cujos princípios activos contribuem para a produção de medicamentos e remédios naturais; a conservação da sabedoria xamãnica indígena 🌄
2 - o direito de aceder às nossas vidas passadas, de forma a poder compreender a roda do karma e entender o motivo pelo qual decidimos entrar na maya 🎡
3 - uma educação mais orientada para a empatia, a espiritualidade e a compreensão de que há outras formas de inteligência no universo; a liberação de ficheiros que relatam avistamentos e contactos com outros tipos de inteligência 👽
4 - a liberação de artefactos, manuscritos, esqueletos e todo o tipo de tesouros arqueológicos cuja existência põe em causa a versão oficial da história tal como a conhecemos 🦴
5 - tal como necessitamos de absorver energia em forma de alimento de animais e plantas, a compreensão de que existem formas de vida que se alimentam da nossa energia, sendo para isso necessário chegar a um entendimento no qual nenhuma das partes saísse prejudicada, conduzindo à abolição de rituais de sofrimento humano e animal 🧛‍♂️
6 - o desenvolvimento da telepatia, preservando o entanto o direito de não sermos invadidos na nossa mente por rastreadores sem o nosso consentimento; o desenvolvimento da visão remota, mas de forma que não invadissemos o espaço privado de cada um 💭


28 de nov. de 2019

as águas da existência

Um grupo de homens santos tinha-se congregado à volta de um venerável ermita, Vyãsa, que vivia isolado na floresta. "Tu compreendes a ordem eterna divina", disseram-lhe, "revela-nos, pois, os segredos da Mãyã de Visnu".
"Quem pode compreender a Mãyã do deus supremo, senão ele próprio? A Mãyã de Visnu lança o seu encanto sobre todos nós. A Mãyã de Visnu é o nosso sonho colectivo. Posso apenas contar-vos uma história que nos chega de outros tempos, sob o efeito que essa Mãyã produziu, num caso particularmente instrutivo."
Os visitantes estavam ansiosos por ouvir a história. Vyãsa começou:
"Era uma vez um jovem príncipe chamado Kãmadamana, Domador de Desejos, que, agindo de acordo com o espírito do deu nome, vivia num ascetismo dos mais austeros. Mas o seu pai, desejoso que ele se casasse, falou-lhe uma vez nestes seguintes termos: "Kãmadamana, meu filho, que se passa contigo? Porque não tratas de encontrar uma esposa? O casamento proporciona o cumprimento de todos os desejos de um homem e a prossecução da felicidade completa. As mulheres são a raiz mesma da felicidade e do bem-estar. Vai, portanto, e casa-te, meu querido filho".
"O jovem ficou silencioso, por respeito ao seu pai. Mas quando o rei insistiu, pressionando-o repetidamente, Kãmadamana respondeu:
"Meu querido pai, eu atenho-me à linha de conduta determinada pelo meu nome, foi-me revelado o poder divino de Visnu, que nos sustem e nos mantém enredados, e a todos os seres do mundo".
"O reu guardou silêncio por um breve momento para meditar sobre a situação, e desviou habilmente a sua argumentação do apelo ao prazer pessoal para o apelo ao dever. Um homem deve casar, declarou, para assegurar a sua descendência, a fim de evitar que aos espíritos dos seus antepassados, que estavam no reino dos pais, faltassem as oferendas de alimentos por parte dos descendentes e caíssem num sofrimento e desespero indizíveis.
"Meu querido pai", disse o jovem, "eu passei por mais de mil vidas. Sofri a morte e a velhice, muitas centenas de vezes. Conheci a união com esposas, e a sua perda. Existi como erva e como arbusto, como trepadeira e como árvore. Caminhei entre o gado e os predadores. Fui brâmane, homem e mulher, muitas centenas de vezes. Participei na felicidade das mansões celestiaias de Siva; vivi entre os imortais. Na verdade, não há variedade de ser sobre-humano cuja forma não tenha já tomado mais de uma vez; fui demónio, duende, guardião de tesouros celestes, fui também rei entre as serpentes-demónios. De cada vez que o cosmos se dissolveu para ser reabsorvido na essência informe do divino, também eu tornei à existência, para viver outra série de renascimentos. Fui, vezes sem conta, vítima da ilusão da existência, e sempre por ter tomado esposa."
"Deixa que eu te conte algo que me aconteceu durante a minha penúltima encarnação. O meu nome, durante essa existência, era Sutapas, "Aquele cujas Austeridades são Boas", e eu era um asceta. E, graças à minha devoção a Visnu, o deus do universo, mereci as suas graças. Satisfeito por me ver cumprir inúmeros votos, surgiu ante os olhos do meu corpo sentado sobre Garuda, a ave celeste. "Venho conceder-te um favor, disse, tudo aquilo que desejes será teu".
E eu respondi ao senhor do universo: "Se estás satisfeito comigo, deixa-me compreender a tua Mãyã."
"Que farias tu com a compreensão da minha Mãyã?" respondeu o deus. "Conceder-te-ei, em vez disso, uma vida plena, o cumprimento dos teus deveres e tarefas sociais, todas as riquezas, saúde, satisfação e filhos heróicos."
"É disso, precisamente disso, que eu pretendo libertar-me; é isso que quero deixar para trás."
O deus prosseguiu: "Ninguém pode compreender a minha Mãyã. Ninguém alguma vez a compreendeu. Não haverá nunca alguém capaz de desvendar o seu segredo. Há muito, muito tempo, viveu um santo profeta quase divino chamado Nãrada, filho directo do deus Brahmã, e que me era fervorosamnete devotado. Como tu, mereceu as minhas graças, e eu apareci perante ele, exactamente como apareci perante ti. Concedi-lhe um favor e ele solicitou-me o desejo que tu acabaste de formular. Então, apesar de eu o alertar para que não me interrogasse sobre a Mãyã, ele insistiu, tal como tu. E eu disse-lhe: - Mergulha naquelas águas e experimenta o segredo da minha Mãyã. - Nãrada mergulhou no lago. Quando emergiu - emergiu na forma de uma rapariga."
Nãrada saiu da água como Susilã, A Virtuosa, a filha do rei de Benares. Pouco depois, quando estava na flor da sua juventude, o seu pai cedeu-a em casamento ao filho do vizinho rei da Vidarbha. O santo profeta e asceta, sob a forma de uma rapariga, experimentou plenamente os prazeres do amor. Mais tarde, chegado o momento, o velho rei de Vidarbha morreu, e o marido de Susilã sucedeu-lhe no trono. A formosa rainha teve filhos e netos, e foi incomparavelmente feliz. No entanto, ao fim de muitos anos, surgiu uma dissenção entre o marido e o pai de Susilã, dissenção que acabou por se transformar em guerra violenta. Numa única e cruenta batalha morreram muitos dos filhos e netos de Susilã, bem como o seu marido e o seu pai. Quando foi informada do holocausto, saiu em aflição da capital, e dirigiu-se para o campo da batalha, para expressar ali o seu solene lamento. Ordenou que fosse erigida uma pira gigantesca, e ali colocou os cadáveres da sua família - dos seus irmãos, dos seus filhos, seus sobrinho e netos; e depois, lado a lado, os corpos do seu marido e do seu pai, Segurando uma tocha na sua própria mão, ateou fogo à pira, e, quando as chamas se elevaram no ar, gritou: - Meu filho, meu filho! E quando as chamas começaram a crepitar, lançou-se para a fogueira. E, no meio das águas, Susilã ressurgiu - agora, de novo, como o santo Nãrada. E o deus Visnu, segurando a sua mão, ajudou-o a sair das águas cristalinas".
"Quando o deus e o santo atingiram a margem, Visnu perguntou com um sorriso ambíguo: "Quem é esse filho cuja morte choravas?" Nãrada sentiu-se confundido e vexado. O deus continuou: "Esse é o aspecto que tem a minha Mãyã, doloroso, sombrio, desaventurado. Nem Brahmã nascido do lótus, nem Indra ou qualquer outro deus, nem mesmo Siva, podem conceber as suas profundidades sem fundo. Como haverias tu de compreender esse mistério inescrutável?"
"Nãrada pediu que lhe fosse concedida uma fé e devoção perfeitas, e a graça de recordar esta experiência para todo o tempo vindouro. Pediu ainda que o lago no qual ele tinha entrado, como se fosse uma fonte de iniciação, se tornasse um lugar santo de peregrinação, e que as suas águas fossem dotadas com o poder de lavar todos os pecados - graças à secreta e eterna presença, nela, do deus que havia entrado para retirar o santo das suas profundidades mágicas. Visnu concedeu o cumprimento desses piedosos desejos e, no mesmo momento, desapareceu, retirando-se para a sua residencia cósmica no oceano de leite".
"Contei-te esta história", concluiu Visnu, antes de deixar também o asceta Sutapas, "para te fazer ver que este mistério não é conhecível. Se desejares, podes mergulhar também nas águas, e saberás porquê."
Ao que Sutapas (ou o príncipe Kãmadamana na sua penúltima encarnação) mergulhou nas águas do lago. Como Nãrada, também ele emergiu como uma rapariga, e foi assim envolto com as roupagens de uma outra vida.

Mitos e Símbolos na Arte e Civilização Indianas, Heinrich Zimmer

17 de nov. de 2019

Eugénio de Andrade - Na Orla do Mar (Schubert - Piano Trio No.2)





Na Orla do Mar

Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
(e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo)
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor, 
onde o corpo é alma.



Árvore, árvore. Um dia serei árvore.
Com a maternal cumplicicade do verão.
Que pombos torcazes 
anunciam.

Um dia abandonarei as mãos
ao barro ainda quente do silêncio,
subirei pelo céu,
às árvores são consentidas coisas assim.

Habitarei então o olhar nu,
fatigado do corpo, esse deserto
repetido nas águas, 
enquanto a bruma é sobre as folhas

que pousa as mãos molhadas.
E o lume.



Ignoro o que seja a flor da água
mas conheço o seu aroma:
depois das primeiras chuvas
sobe ao terraço,

entra nu pela varanda,
o corpo inda molhado
procura o nosso corpo e começa a tremer:
então é como se na boca

um resto de imortalidade
nos fosse dado a beber,
e toda a música da terra,
toda a música do céu fosse nossa,

até ao fim do mundo,
até amanhecer.



Alex Stoddard


11 de nov. de 2019

Eugénio de Andrade - Ah, Falemos da Brisa (Ravel - Ondine, Gaspard de la Nuit)





Ah, Falemos da Brisa

Eu dizia:
"Nenhuma brisa é triste"
e procurava água, lábios,
um corpo

onde a solidão fosse impossível.

Mas quem sabe dessa música
cativa nos meus dedos?
E depois, como guardar um beijo,
mar doirado ou sombra
desolada?

Recordava um rio,
álamos,
o sabor nupcial da chuva,
tropeçava em lágrimas e soluços
e lágrimas, e procurava.

Como quem se despe
para amar a madrugada nas areias,
eu dizia: " Nenhuma brisa é triste,
triste", e procurava.

E procurava.



Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Danny Richardson
The Ripple Effect of Life & Death


6 de nov. de 2019

andromedanos 👉 reptilianos 👉 anunnakis 👉 grays


com tudo isto só posso concluír que estas linhagens et's, têm mais de humano que de ser evoluído - só faltava mesmo aparecer um representante anunnaki a defender o seu lado da história; não concordo em nada com a forma de apresentação deste canal, Allatra, a forma como o seu líder, Igor Danilov, surge, transmite a sua mensagem (o cenário é digno de aparecer num canal tipo Canção Nova),  delega as suas colegas para um segundo plano, que pouco mais fazem do que anuir; Zhanna é apresentada como uma reptiliana - a mim parece-me um cenário préviamente montado, ou Zhanna possui mesmo uma habilidade e está a ser manipulada, ou será um truque; já vi fotos dela nas quais ela surge como uma jovem muito normal, sem nada deste visual retro; aos 3:30 mn, Igor fala do que eventualmente terá originado a intervenção anunnaki: um pedido de socorro por parte da humanidade para nos livrarem dos grays (gostaria de saber qual seria a resposta de Bashar a estas acusações); atenção que ele não nega que os anunnakis sugam energia... seria mais interessante se todas estas fracções assumissem abertamente o papel que cada um teve na manipulação da raça humana ao longo dos tempos... 


29 de out. de 2019

divagações sobre o painel "A Greve dos Rapazes", que retrata uma revolta na Fábrica de Louça de Sacavém, em 1937

























Estava eu perdida em pesquisas, à procura de símbolos de porcelana, quando me deparei com este painel de azulejos, e decidi investigar um pouco mais sobre a história da Fábrica de Porcelana de Sacavém. 
Após falecer Manuel Joaquim Afonso, fundador da fábrica, em 1871, (tendo já contratado um mestre inglês), a sua direcção fica a cargo do Barão John Stott Howorth, sua mulher e irmão, que consolidam a influência inglesa na importação de métodos, técnicas, modelos e matérias primas, vindos na sua maioria da região de Stoke-On-Trent, de forma a poder fabricar a louça ao gosto inglês. James Gilman introduz novos fornos em 1912, amplia a sua maquinaria e cria uma rede de caixeiros-viajantes e agentes locais para conquistar novos mercados. Herbert Gilman assume as rédeas da fábrica em 1920; Clive Gilbert entra nos assuntos da fábrica em 1960, coincidindo com a criação do último logotipo da fábrica, o S estilizado. Para além da belíssima loiça em porcelana, a fábrica produziu também azulejos, sanitários e mosaicos.
Práticamente toda a população de Sacavém trabalhava na fábrica, e muitos vinham de longe, das zonas rurais do Alentejo e da Beira, atraídos por um sonho de estabilidade e salário certo. Já em 1930 a fábrica contava com mais de mil operários, entre eles forneiros, prensadores, oleiros, aprendizes, gravadores, moldadores. O sistema de trabalho assentava em: subdivisão de tarefas, recrutamento e treino dos novos trabalhadores, disciplina no trabalho (os trabalhadores não estavam autorizados a mudar a seu gosto de uma tarefa para outra, eram treinados para uma tarefa específica e tinham de a cumprir). Havia todo um conjunto de normas disciplinadoras de trabalho, e um sistema de multas e penalizações por infrigimentos, assim como vigilantes e inspectores. O trabalho em si era mal remunerado, homens e mulheres trabalhavam separados, não haviam condições de segurança nem de higiene nas fábricas, não existiam máscaras, morria-se por silicose, e o calor imperava. Numa fase mais tardia, parte do salário era variável consoante as peças que se produziam, o que levava a que muitos operários abdicassem da hora do almoço para conseguir atingir os seus objectivos de produção.
O Estado Novo, através de Salazar, cria a FNAT (fundação nacional para a alegria no trabalho) em 1935, com o objectivo de controlar os tempos livres dos trabalhadores, preenchendo-os com actividades sadias que assegurassem o seu desenvolvimento físico e moral, adequadas à ideologia do regime, que seguia os modelos fascistas italiano e alemão, e repudiava os lazeres tradicionais, o desporto profissional e os bailes como irradiadores de devassidão. Sob a tutela deste órgão, a direcção cria uma série de gratificações e ajudas para o casamento, de forma a moralizar a instituíção familiar; criam um campo de férias; uma creche que funcionava somente para os filhos de pais oficialmente casados; um grupo desportivo; um grupo privativo de bombeiros. São acções que visam os bons costumes, e não o bem-estar ou a saúde.
Em 1941 é inaugurado um refeitório com capacidade para 500 operários; é criada também uma vacaria dentro da fábrica - mas num inquérito alimentar realizado por um órgão externo em 1949, conclui-se que a alimentação dos operários é insuficiente, especialmente entre os mais jovens e os que se dedicam às tarefas mais pesadas. 
Existe um salário mínimo, criado em 1932, mas apenas para os trabalhadores do sexo masculino. 
Em 1947 os trabalhadores que operavam nos fornos faziam ainda 16 horas diárias. 

Numa entrevista dada em Loures, em 2017, o último administrador da fábrica, Clive Gilbert, afirma: “Ainda hoje não percebo como é que aqueles homens e mulheres faziam tanta coisa em tão pouco tempo. Para mim é um milagre”.

Durante as décadas de 70 e 80, as fábricas de cerâmica como a de Sacavém e a de Cavalinho, em Vila Nova de Gaia, entram em declínio. Em parte terá sido por causa da preferência do Regime pela Vista Alegre, mas principalmente deve-se ao surgimento do plástico e à sua grande proliferação. O milagre da exploração dos mais pobres, dos baixos salários e das grandes cargas laborais transfere-se para outros países do terceiro mundo.



fontes:
Wikipédia
Fábrica de Louça de Sacavém, Ana Paula Assunção, Edições Inapa
Fábrica Cerâmica do Carvalhinho - Hugo Pereira 
Museu de Cerâmica de Sacavém - Câmara Municipal de Loures


13 de ago. de 2019

as trovas de Bandarra e a ideia do V Império


Apartir do minuto 12:45, Agostinho da Silva aborda a sua visão pessoal do V Império, com base na "Ilha dos Amores", de Camões, e salienta que: "...é preciso que os corpos se apaziguem para que a cabeça possa estar livre para entender o mundo à volta ... enquanto nós estamos perturbados por existir num corpo que temos de alimentar, que temos de tratar o melhor possível, cometendo para isso muitas vezes coisas extremamente difíceis ... nessa altura, com a nossa cabeça livre e límpida, nós podemos ouvir a voz da deusa, que nos arranca das limitações do tempo e do espaço..."



Nabucodonosor, William Blake
A referência ao V Império surge na Bíblia, onde Nabucodonosor, Rei da Babilónia, queria que os sábios lhe interpretassem o sonho que tivera; o sonho envolvia uma enorme estátua com cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre e ancas de bronze, pernas de ferro e pés de barro, à qual uma grande pedra, que se desprendeu da montanha, triturou os pés, fazendo tudo em pedaços. Foi o profeta Daniel que lho revelou e decifrou, mostrando-lhe que o nascimento e a queda dos impérios acontecem segundo a vontade de Deus. "Tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu a realeza, o poder, a força e a glória; a quem entregou o domínio, onde quer que eles habitem, sobre os homens, os animais terrestres e as aves do céu, tu é que és a cabeça de ouro. Depois de ti surgirá um outro reino, menor que o teu; depois um terceiro reino, o de bronze, que dominará sobre toda a terra. Um quarto reino será forte como o ferro" e, mais à frente, "No tempo destes reis, o Deus dos céus fará aparecer um reino que jamais será destruído e cuja soberania nunca passará a outro povo". Daniel profetizou que depois da grandiosidade do império da Babilónia, sucederiam outros, que de acordo com as interpretações mais correntes são o Medo-Persa, o da Grécia e o de Roma, sendo o Quinto Império universal. 
Em Portugal, Bandarra, Padre António Vieira e Fernando Pessoa reformulam o mito do V Império. Fernando Pessoa, em Mensagem, anuncia um novo império civilizacional, que, como Vieira, acredita ser o português. O "intenso sofrimento patriótico" leva-o a antever um império que se encontra para além do material: "O Quinto Império. O futuro de Portugal - que não calculo, mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra, e também nas quadras de Nostradamus. Esse futuro é sermos tudo."




Quinto Império

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz -
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?





V Império, Dealema

Estava escrito nos astros, o encontro dos estádios
Depois de atravessadas as montanhas e os desertos áridos
Os percursos levaram-nos à encruzilhada
Em sintonia máxima e sincronia elevada
Reunir os seus poderes no altar da deusa Gaya
Num nível espiritual mais alto que os Himalaias
Em rituais ancestrais, pactos de sangue mentais
Partilharam a energia e poderes sobrenaturais
Caminharam por vales com abutres e carcaças
Sobreviveram a emboscadas e terríveis ameaças
Ao longo da travessia pela estrada
Na escalada da muralha ou de espada em punho na frente da batalha
Passar por vários episódios para cumprir a profecia
Arquitectaram magníficos colossos com mestria
Conscientes da missão carregam com orgulho a cruz
Sabem que a escuridão não sobreviverá à luz
Secretos como doídas encantações em canções
Poção dealmática, batalha maquiavélica
Trepamos pela escuridão, pulsação de Dragão
Círculo de fogo, a revolução é esférica
Manuscritos, máquinas de metáforas
No século XVI seríamos perseguidos
O tempo dealmático já nasceu subterrado
2º Piso é mental, não pode ser destruído
Fumadores de Iluminismo
Abrimos mentes a sangue frio como médicos no antigo Egipto
Culto ao culto, fumo no fundo
Bombos anunciam a chegada de outro mundo
Juntem os vivos ao mundo dos espiritos
Juntem Deuses, profetas e filósofos
Impacto dealmático, abrimos buracos no espaço
Segunda vinda, a terra gira ao contrário
V Império em rotação
Esfera dealmática e centro hélico
Segunda Vinda
5 elementos, entra no templo
Cuspimos fogo numa era onde a música é magia
Ascensão e invasão no altar do templo
Contemplo tribos e legiões, viajantes do tempo
Que todos venham testemunhar a mensagem divina
Das terras distantes do Vaticano à cidade da Medina
Poder do ceptro, ao vivo e em directo
O pentágono está alinhado, o portal está aberto
Versos materializam-se algures entre o mental e o físico
Sincronia perfeita, transe colectivo
Levamos-te a um sítio onde nunca foste antes
Fecha os olhos e concentra-te só por instantes
Sente-o denso demais, um pensamento profundo
Redigido algures entre o Paraíso e as Trevas deste mundo
Já estava escrito, profética segunda vinda
DLM legacia que não finda
Espírito naval, ancestral de conhecimento
Espande a tua perspectiva, chegou agora o momento
Ouvem-se coros de contestação
A multidão reúne-se e gera pressão
Droga mental no palco um ritual
Fumo um lenço de erva e um fumo de incenso
Dá-se início ao transe colectivo
Chegam os descendentes das 12 tribos
Para uma nova manifestação
é o tempo dealmático em movimento
Abrimos portais dimensionais
Rimamos, causamos tempestais mentais
Imortais
Através dos tempos, nós elevamos o pensamento
Acima das nuvens condensamos conhecimento
Através do tempo
Acima das nuvens elevamos o pensamento
Através do tempo




Inda que estem remoendo
não me toquem no calçado.
Gonçalo Anes nasceu em 1500, em Trancoso, e terá falecido por volta de 1556; foi sapateiro, poeta, e era considerado uma espécie de Rabi local, interpretando a Bíblia e as suas profecias para os cristãos-novos da região. Bandarra de apelido, que o ligava ao ócio, já que costumava sentar-se numa pedra todas as noites, no alto do monte mais próximo da vila, para contemplar as estrelas. Um dia os seus amigos decidiram pregar-lhe uma partida, colocando uma folha de pergaminho debaixo da pedra, e esconderam-se para observar a sua reacção - Bandarra senta-se e exclama, admirado: "Ou a Terra subiu, ou o Céu desceu!"
Foi conterrâneo de Nostradamus (1503-1566). 
Foi preso pela inquisição e acusado de ser judeu; não havendo no entanto provas da sua ascendência judaica, mesmo assim foi levado a auto-de-fé, sendo obrigado a abjurar dos seus "erros". Na sua sentença lê-se: "que publicamente declare a sua tenção àcerca das Trovas que tem feito (...) e que daqui por diante não se entremeta mais a responder nem a escrever coisa nenhuma da Sagrada Escritura, nem tenha nenhuns livros da mesma, salvo sendo o "flor santorum" ou "evageliorum" sòmente, e fazendo o contrário será castigado como o caso merecer, e se publicará que qualquer pessoa que tiver as ditas Trovas as apresente à Santa Inquisição, dentro de três dias que vier a sua notícia e o que puder fazer". Estavamos no ano de 1545, e Bandarra remete-se então ao anonimato, até à data de sua morte. As trovas foram incluídas na lista de livros proibídos em 1581.

No ensaio "As Trovas do Bandarra, suas Influências Judaico-cabalísticas na Mística Paz Universal", de Adriano Vaz Rodrigues e Maria Assunção Rodrigues, os autores lançam a ideia de que as trovas não são originais, mas sim cópias, e poderiam ter sido adulteradas pela Inquisição, citando inclusivé René Guénon: "As predições são sempre um meio de sugestão directa que contribui para determinar a produção de certos acontecimentos futuros."

Mesmo sendo difícil comprovar a autenticidade das trovas, deixo aqui algumas passagens que me chamaram a atenção pela beleza da linguagem usada, pela sua introdução à ideia da segunda vinda e pela figura do encoberto, e a sua interpretação das profecias de Esdras.



trova 75

Já o Leão é experto
Mui alerto.
Já acordou, anda caminho.
Tirará cedo do ninho
O porco, e é mui certo.
Fugirá para o deserto,
Do Leão, e seu bramido,
Demonstra que vai ferido
Desse bom Rei Encoberto.

trova 76

O Rei novo és escolhido
E elegido,
Já alevanta a bandeira
Contra a Grifa parideira
Que tais pastos tem comido;
Porque haveis de notar,
E assentar
Aprazendo ao Rei dos Céus
Trará por ambas as Leis,
E nestes seis
Vereis coisas de espantar.

trova 77

A Lua dará grão baixa, 
segundo o que se vê nela,
e os que têm lei com ela, 
porque se acaba a taixa.
Abrir-se-á aquela caixa, 
que até agora foi cerrada 
entregar-se-á à forçada, 
envolta na sua faixa.

trova 78

Um grão Leão se erguerá,
E dará grandes bramidos:
Seus brados serão ouvidos,
E a todos assombrará;
Correrá, e morderá
E fará mui grandes danos,
E nos Reinos Africanos
A todos sujeitará.



quadra 138

Acho em as Profecias
Que a terra tremerá
E como abobada soará
Quando faz harmonias.

quadra 142

Vejo o mundo em perigo,
Vejo gentes contra gentes;
Ja a terra não dá sementes,
Senão favacas por trigo.

quadra 144

Vejo quarenta e um ano
Pelo correr do cometa,
Pelo ferir do planeta
Que domostraser grão damno.

quadra 145

Vejo um grande Rei humano
Alevantar sua bandeira,
Vejo como por peneira
A Grifa morrer no cano.

quadra 149

Vejo um alto engenho
Em uma roda tryunfante,
Vejo subir um Infante
No alto de todo o lenho.

quadra 152

Vejo sahir um fronteiro
Do Reino detrás da serra,
Desejoso de por guerra
Esforçado cavalleiro.

quadra 153

Este será o primeiro,
Que porá o seu pendão
Na cabeça do Dragão,
Derruba lo há por inteiro.

quadra 156 

Todos terão um amor,
Gentios como pagãos,
Os Judeos serão Christãos,
Sem jamais haver error.

quadra 157

Servirão um so Senhor
Jesu Christo, que nomeio,
Todos crerão, que ja veio
O Ungido Salvador.

quadra 159

Acharão, que nestes dias
Serão grandes novidades,
Novas leis, e variedades,
Mil contendas, e porfias.



sexta parte

1
Sonhei que via hum fumo,
Com grande força sahir,
E deixando de Subir,
Hum altar vi no escuro:
Formava taõ forte muro.
Que estava o Altar cuberto;
Vi a hostia naõ mui perto,
Do tal Altar arredada:
Huma cára sublimáda,
Em ella vi por mais certo

2
Pareceme que crescia,
Quem assim o figurava:
Taõbem sonhei me pegava,
Quem mulher me parecia:
E que com voz me dezia,
Anda ver a terra nova,
Pella maõ levou-me à cova,
Levava bello vestido,
Aí nuvems eu fui subido,
Onde vi a gente toda.

3
Parecia a meo ver
Nova Igreja figurada,
Por hereges desterráda,
Na quella terra a tremer,
Quem Herege quizer ser
Ficarà negro, ou molato,
E terà todo o máo trato
Por fugir da boa Ley,
No Inferno sua grey
Para tràz darà o Salto.



outras profecias

24
Os tempos vejo turbados
O inverno feito verão
Os seleiros sem um grão
Os lavradores pasmados.

25
Terras, montes estaes vendo
Trevoens e coriscos taes
Os defuntos serão mais
Que os que ficão vivendo.

26
Quando ouvirem mudanças
Nas alcançarias são
Tambem terá divizão
Da herezia as bonanzas.

27
Depois de veres cumprido
O fim destas profecias
Não faltarão muitos dias
Que o rebanho seja unido.

28
Não deito mais longe a barra
Fico batendo na testa
Attendão todos a esta
Profecia do Bandarra.

29
Depois de tido por morto
Sem nunca ser sepultado
Nos será outra vez dado
Para nosso maior conforto.

30
Depois de penalidades
Cazos nunca esperados
Surgiráõ os encantados
Trazendo-nos felicidades.

31
Depois de muitos destrossos
Em muitas partes do mundo
Virá ao Tejo dar fundo
Quem se crê já não ter ossos.

32
Haverá grande tremor
Hum perfido haverá,
Cometa aparecerá
E um gigante percursor.

33
Tres pés o tripessa tem
O arco sem settas vejo
Parte uma peneira ao meio
E no meio hum botão lhe poem.

34
O cravador lhe ajunta 
A tezoura bem aberta
Esta é a conta certa
Se o não sabes pergunta.

35
Peguei na minha tripessa
Puz-lhe em cima um dado
Duas luas e hum cabo
E hum - percebê - lhe poem.

36
Meia tesoura de pressa
Lhe ajuntei - mais hum fio
Entra Portugal em brio
E seu sentido penetras
No anno que houver essas letras
Virá essa boa pessa.



Profecias de Esdras

Tempos vir-hão de grandes levas militares; sophismar-se-ha a verdade, e o paiz sera esteril de religião; a injustiça se multiplicará, e por ella o paiz ficará dezerto. Se porém Deus te conservar a vida verás depois de passadas trez trombetas (guerras); de repente o sol resplandecera de noute; a lua trez vezes se mostrará no dia; do pau emanará sangue; as pedras estouraráõ; commover-se-hão os povos, e reinará aquelle que, os habitam sobre a terra, não esperarão: as aves emigrarão; o mar Sodomitico lançará fora os peixes, ululará de noute com uma braveza não vista de muitos; muitos lugares por suas enchentes serão redusidos a cabos; haverá incêndios, as feras agrestes virão metter-se no povoado; as mulheres menstruadas pariráõ monstros, as aguas doces tornar-se-hão salgadas, e todos os amigos se combateráõ uns aos outros; o senso terá de esconder-se; a intelligencia terá de recolher-se ao seu receptaculo, será procurada por muitos, mas não será encontrada; o futilismo, a injustiça, a inconticencia, e prostituição se augmentará sobre a terra. E proguntará um paiz ao seu vizinho, dizendo-lhe: Por ventura por tua caza passou a justiça deixando-te alguma obra boa; E responderá, - Não. Será nesse tempo: os homens esperaráõ; mas não alcançaráõ; trabalharáõ, e as suas vias não serão dirigidas.

Ai de ti, Babylonia e Asia; Egypto e Syria. Cingivos de saco e silicio, pranteai e chorai os vossos filhos; porque as vossas dores, e martirios estão chegadas. A espada está pendente sobre vós, e quem há que possa desviar o golpe? Foi-vos lançado o fogo, e quem há que o apague? Forão-vos lançados os males, e quem há que os repila? Por ventura repellirá alguem o leão que no bosque anda desesperado com a fome, ou extinguirá o fogo na estopa logo que começa a atear-se?
Por ventura poderá alguém desviar a setta atirada por um braço dextro e forte? O Senhor, Deus forte, laçou-vos os males, quem haverá que os possa repelir? Da sua ira saiu o fogo, quem o extinguirá? Vibrará o corisco, e quem não temerá? Trovejará, e quem não se encherá de pavor? O Senhor fulminará castigos, e quem não se afligirá de ser triturado para longe da sua face?
A terra tremeu e os seus alicerces; o mar sahe de seu leito, as suas oudas se confumdem no embatte, os peixes se perturbaráõ á face do Senhor e do seu poder; por quanto é forte a mão daquelle, que tocca o arco; as settas que dispara são aguadas e afiadas, não falharáõ, quando principiarem a ser attiradas para os comfins da terra. 
Serão enviados à terra os males e não retrocederão. O volcão se accenderá, e não se extinguirá, em quanto não comsumir os fundamentos da terra. Ai de todos naquelles dias!! Dias, que são o comezo da dôr, do pranto, da fome, grandes mortes, e guerras; os poderozos tremeráõ de pavor e de susto, e todos se amedrontaráõ só ao ver o começo destes males. Estes males chegaráõ, mas não converterão; por isso virá a fome e a mizeria, a tribulação e a angustia para emenda, e ainda assim com isto tudo ninguem se emendará de suas iniquidades, nem se lembrarão dos males soffridos. Eis que succederá a vileza do mantimento sobre a terra, e então se gerarão males sobre ella; a guerra, a fome, e a grande confusão. Pela fome morrerão muitos, a guerra matará os que escaparão de morrer á fome; os mortos serão lançados de um para outro pouzo como se fossem montes de esterco, e não haverá quem lhes dê as últimas consolações. A terra ficará dezerta, as suas cidades serão lançadas por terra; não haverá quem cultive os campos, nem sobre elles lance a semente. As arvores darão o fructo, mas quem o apanhará? A uva amaraducerá, mas quem della fará o vinho? Desejará o homem ver outro homem, ouvir a sua voz; mas onde o encontrará? Porque da cidade ficarão dez; do campo dois, que terão escapado na densidade dos bosques; ou na abertura das rochas. Os campos encher-se-hão de espinhos, as estradas de cardo e gataria, porque não haverá quem por ellas passe e transite. As virgens chorarão porque não encontrarão espozos; as mulheres, porque não tem maridos, chorarão a sua viuvez; as filhas o seu desamparo. Os seus espozos se terão gasto na guerra, e os cazados se terão extenuado á fome... 



fontes: 
Infopédia
As Profecias do Bandarra, Sapateiro de Trancoso, Vega 
As Trovas do Bandarra, suas Influências Judaico-cabalísticas na Mística Paz Universal

links: 


11 de ago. de 2019

sobre as vacinas


hoje, ao visitar o site Bored Panda, é com espanto que vejo 2 publicações na página principal onde os mesmos se colocam claramente a favor da vacinação obrigatória - esta questão já mais parece uma inquisição, uma caça às bruxas modernas que defendem as medicinas não convencionais e todas as ideias que vão contra o status quo, com a perseguição sistemática a sites como o Natural News; eu não tomo vacinas há pelo menos 10 anos, e já me senti atacada e posta de parte, com receios de que pudesse espalhar virus (engraçado como é que as pessoas vacinadas não se sentem confiantes sobre a sua própria imunidade); apesar de não confiar nesses tubarões das indústrias farmaceuticas, penso que cada um tem o direito à sua opinião...

fez já 20 anos que um amigo nosso nos indicou um terapeuta chinês, nascido em Macau, que fazia maravilhas e tinha consultório no Porto; decidimos experimentar, e eu acabei por aceitar fazer um tratamento relativo à minha coluna (sofro de escoliose) - as sessões incluíam acupuntura, moxabustão, ventosaterapia e no final uma massagem vigorosa onde tudo que era osso estalava! o meu marido acompanhava-me e fazia também acupuntura, e numa das sessões o professor (já não me recordo o nome dele) tentou fazer-nos uma espécie de reeducação alimentar, pediu-nos para deixar de parte a carne e os lacticínios, chegou mesmo a dar-me várias receitas de sopas e ensopados à base de seitan com lentilhas, algas e feijão - acho que fui eu que lhe perguntei como era com a adaptação dos seus filhos na escola, às refeições escolares, ao que ele me explicou que eles levavam a comida de casa, e conversa puxa conversa, contou-me que os filhos não eram vacinados e que desde cedo eram expostos aos elementos, chuva, terra, etc, para ganharem anticorpos; na altura ficamos admirados mas aceitamos naturalmente por se tratar de uma cultura diferente da nossa - alguns anos depois soubemos que ele tinha mudado o consultório para Lisboa, infelizmente;

para terminar deixo aqui o testemunho de Jane Burgermeister, uma médica e jornalista austríaca que apresentou queixas contra a Baxter Internacional e outros laboratórios médicos e farmaceuticos, nomeadamente de bioterrorismo e genocídio em massa, após se ter dado conta que os mesmos criavam falsas epidemias gripais com o intuíto de administrar massivamente vacinas perigosas:


8 de ago. de 2019

histórias que as nossas avós contavam


A Sopa de Pedra

Especialidade de Almeirim, a lenda enquadra-se num frade que tinha tanto de esfomeado - e não como de comilão, como se diz - como de imaginativo. Andava o frade no seu peditório e foi bater ao portão dum lavrador, onde esperava matar a fome. Porém, o lavrador era demasiado avarento e nada lhe quis dar. Não perdendo a bonomia, o frade disse:
- Bem, entâo vou ver se faço um caldinho de pedra...
Dito isto, baixou-se, pegou numa pedra, deitou-a fora, depois noutra, até que encontrou uma que pareceu agradar-lhe. O lavrador e a mulher, que entretanto acudira, observavam-no com atenção. No início, o casal riu-se, mas o frade encarou-os e perguntou:
- Nunca comeram caldo de pedra, pois não? É um petisco de truz!
Curiosos, os lavradores dispuseram-se a apreciar. Então, ele pediu-lhes emprestada uma panela de barro, que encheu de água e nela meteu a pedra bem lavada. 
- Se me deixassem pôr isto a cozer aí à lareira...
E quando a panela começou a chiar, o frade comentou:
- Com um pedacinho de unto, ficava um primor!
Veio o unto. Depois pediu sal para matar o ensosso.
- Com um nadinha de chouriço é que isto ganhava graça!
Depois pediu feijão encarnado, umas batatinhas, e tudo ia para a panela, donde saía um cheiro de aguçar o apetite a um morto. Os lavradores, aparvalhados, apreciavam o cozinhado e o frade lambia os beiços.
- E ficará bom? - perguntava o lavrador.
- Não se nota só pelo cheiro? - respondia o frade. 
A mulher do lavrador anotava tudo num papel, que não conhecia a receita. O frade tirou a panela do lume e serviu-se numa malga, que também lhe emprestaram. Em três malgas bem saboreadas, o espertalhão despejou a panela. O lavrador e a mulher foram espreitar e viram a pedra no fundo. 
- E a pedra, ó fradinho?
- A pedra... lavo-a e vai no alforge para servir outra vez...

receita para 8 a 10 pessoas:

1 litro de feijão encarnado
1 orelha de porco
1 chouriço de sangue e outro de carne
150 g de toucinho entremeado
750 g de batatas
2 cebolas
2 dentes de alho
1 folha de louro
coentros, sal e pimenta

Demolhar o feijão umas horas, se for duro. Escaldar, rapar a orelha e cozê-la com o resto dos ingredientes em muita água. Se for preciso, acrescentar água a ferver. Quando a carne cozer, retirar e meter na panela as batatas aos cubinhos e os coentros picados. Ao retirar a panela do lume, juntar-se-lhe a carne aos cubinhos e uma pedra bem lavada, que também deve ir na terrina de servir.



A Bicha das Sete Cabeças

Em Silvade, nas imediações de Espinho, há um velho painel de 24 azulejos com a imagem de uma serpente de sete cabeças. Corresponde à lenda de um monstro que um dia apareceu ali perto, na Ribeira junto a uma antiga ponte romana, hoje completamente transformada. Diz a lenda que uma mulher estava a trabalhar na sua horta quando viu uma serpente com muitas cabeças lançar-se na sua direcção. Nem pensou duas vezes, deitou logo a fugir, gritando a plenos pulmões. Os vizinhos perceberam logo o que se passava e fugiram todos. Porém, à noite, já dormiam todos quando ouviram um grande alarido. Com o medo, não saíram logo, mas no dia seguinte, logo pela manhã, viram o que o monstro lhes fizera aos animais de criação. Despedaçados, mortos, comidos, agonizantes. E decidiram defender-se. Assim, na noite seguinte, um deles ficou de sentinela com uma corneta. E dormiram sem problemas até ao raiar da aurora, quando foram acordados pelo toque da corneta. Armados de paus e enchadas, saíram, mas já fugira o bicho. Contou-lhes o sentinela que lhe aparecera a serpente e que lhe dera com uma enchada e ela fugira para as matas, arrasando tudo no seu caminho. Furiosa com os estragos, a população andou dias e dias em busca do monstro, que só voltou a aparecer numa tarde chuvosa e cinzenta. Era de tal modo medonha que houve uns que fugiram, enquanto outros a atacaram furiosamente. Julgavam-na por fim morta, quando um camponês se chegou a ela para verificar. Ela matou-o logo. Então os outros deram-lhe outra carga de golpes e cortaram-lhes as cabeças, que eram sete. Depois enterraram o monstro junto a um pilar da antiga ponte romana e ali levantaram uma capelinha para comemorar a luta. Porém, uma cheia da Ribeira deitou abaixo a capelinha e o azulejo que ali estava passou para a povoação, onde existe agora o Largo da Bicha das Sete Cabeças.



As Bruxas e o S. João


Michael Berube, Depths
Esta lenda tem lugar na freguesia de Castelo de Penalva. Certa vez, duas mulheres amigas, nascidas e moradoras neste local, andavam por um caminho que as levava ao rio. Ao passarem em determinada propriedade, viram duas outras mulheres que as surpreenderam. E atemorizaram também - pois eram mesmo mulheres da cintura para cima, mas serpentes da cintura para baixo! Ao verem as duas amigas do Castelo pelo caminho, uma das mulheres-serpentes acenou-lhes e pediu-lhes:
- Catem-nos! Catem-nos, por favor! - e perante a hesitação das outras duas, paralisadas e de olhos muito abertos, insistiu - Se nos catarem, dar-vos-emos coisas lindas!
Uma das mulheres ficou que nem se podia mexer, mas a outra, mais afoita, dirigiu-se às mulheres-serpente e catou-as bem catadas. Acabado o serviço, disse à que catara uma das mulheres-serpente:
- Estende-me o teu avental...
Ela assim fez e nele recebeu uma porção de carvões. As mulheres entreolharam-se, surpreendidas, mas guardaram os carvões e lá se meteram de novo pelo caminho à face do rio. Porém, antes de entrarem na povoação, pensaram que se poderiam rir delas por andarem com carvões no avental, e decidiram deitar fora o que levavam. Repararam que, afinal, aquilo pesava mais naquele instante do que quando os receberam. E ao abrirem o avental viram que os carvões se tinham transformado em moedas de ouro!



O Sapateiro Bandarra


Por trovas proféticas, o sapateiro de Trancoso, Gonçalo Anes, Bandarra por alcunha, alcançou fama nacional. Ao ponto da Inquisição se interessar por ele e pela sua obra e o ter proibido de erguer os olhos acima do trabalho de que era oficial consumado. E a sua fama chegou aos nossos dias, continuando a sua biografia a emocionar as gentes. Fica aqui uma das suas profecias, assim como uma profecia respeitante à sua filha, Maria de seu nome.
Em mil, quinhentos e tal, um almocreve, aproveitando pernoitar em Trancoso como etapa demorada do seu recado, foi ao Bandarra entregar um serviço. As suas botas de andarilho estavam num estado miserável e haviam-lhe dito que aquele sapateiro era o melhor das redondezas. E teria de esperar por perto, pois não tinha outro calçado. Pois ali, à vista do almocreve, o Bandarra transformou-lhe as velhas botas numas quase novas, as quais lhe davam uma tranquilidade ao andar, sobre os facto de estarem à largura e ao jeito do pé do dono. E o almocreve, quando estendeu a mão para as receber nem queria acreditar naquela maravilha. E perguntou quanto devia pelo serviço. Resposta do sapateiro:

- Irás e virás,
na praça me acharás
meio dentro e meio fora
e então me pagarás!

O almocreve tomou Gonçalo Anes por meio parvo. E, ao rir-se do negócio, lá se foi embora, calculando que nunca mais passasse em Trancoso. Mas enganou-se.
Dali a uns tempos, novo recado o levou à velha praça. E quando entrou soavam as campanas. Era enterro e toda a gente se encontrava no largo principal. Disseram-lhe que o morto era o sapateiro. Ele olhou para a igreja e viu o caixão meio dentro, meio fora da igreja. Percebeu então a profecia, a mensagem. E adiantou-se a dizer que o funeral corria por sua conta, pagando o que lhe devia.
Fica aqui também a indicação de Bandarra aos vindouros:

Em dois sítios me achareis 
Por desgraça ou por ventura:
Os ossos na sepultura;
A alma nestes papéis.

E da filha Maria contam que, tendo sido presa, por integrar o elenco de uma peça de teatro, aos dois guardas que a prenderam em sua casa vaticinou que dos três, apenas dois chegariam ao destino. Face ao suposto descaro, eles empenharam-se numa marcha forçada para a cadeia. Afinal, não se tratava da fuga dela mas um dos homens sucumbiu com um ataque de coração.



O Rei dos Cervos

Ao chegar a Vila Nova de Cerveira, e ao olhar para o mais alto dos montes, podemos ver o vulto de um cervo. Trata-se duma escultura de José Rodrigues. Segue a lenda do rei dos cervos, o Cervo Rei, que é o que representa essa escultura:
Há muitos anos atrás, sendo a caça uma questão de sobrevivência, havia já à mesa um certo prazer que indicava que a carne de cervo era uma das mais saborosas. E os servos sentiram na pele as lanças e as setas dos seus perseguidores, pelo que se foram metendo para uma das matas montanhosas junto a um rio, buscando a salvação. E pensaram que se estivessem organizados, melhor se salvariam das perseguições. Importava conseguirem um chefe que os dirigisse. E esse chefe teria de ter a sabedoria e a capacidade de ser tão importante quanto um deus. E logo surgiu entre eles um cervo enorme e poderoso a quem prestaram homenagem e obediência. E o Cervo Rei decidiu que deveriam constituir um reino onde ninguém mais entrasse, que seria a salvação de todos. E bem lutaram todos contra homens e outros animais que ousavam entrar nos limites da Terra da Cervaria; isto fez com que o Rei dos Cervos se julgasse invencível. E quando se formou o Reino de Portugal, naquela montanha que vemos, só o Cervo Rei existia de uma manada enorme que havia povoado a Terra de Cervaria. Calhou então que um cavaleiro português entendesse não ser aceitável que encostado ao novo reino de Portugal houvesse um reino de cervos. Desafiou então o Cervo Rei para um combate sem tréguas. 
Aceite o duelo, preparou-se o cavaleiro, levando o seu mais belo escudo, adornado com as cinco quinas. No entanto, o Cervo Rei venceu e matou o cavaleiro, e o majestoso animal, na posse do escudo e da bandeira, retirou-se para as suas paragens. E lá no alto fez desfraldar a bandeira do adversário para fazer saber que fora ele o senhor da vitória. Porém, a partir daí, cada vez menos se viu o cervo até que, as gentes, que não cessavam de vigiar a Terra de Cervaria, entenderam que podiam meter o pé à vontade naquele lugar proibído. E logo lá entrou um grupo que foi dar com o cadáver do Rei Cervo, esquelético, chagado, tendo entre as patas o escudo com as quinas portuguesas. Os homens fixaram-se então num povoado que construíram à beira do rio. E na bandeira colocaram um cervo num fundo verde, que representa aquela bela terra do Alto Minho.



A Senhora que Passou


Era uma vez um velho que viajava a pé acompanhado pela filha. Evitavam as grandes povoações, não queriam envolver-se em conversas com ninguém, sempre metidos consigo mesmos, como se levassem consigo um grande segredo. 
O velho passava o tempo prevenindo a filha sobre possíveis espiões que os seguissem, mas ela não se perdia da sisudez, e continuava a seguir as indicações do pai.
Uma tarde, a moça, Joana de seu nome, estava cheia de sede; e disse-o ao pai, que queria ir procurar água. O pai sentou-se então na berma do caminho e ela meteu por um campo onde decerto encontraria fonte ou ribeiro. E encontrou um ribeiro com uma água magnífica. Bebia, encantada, quando escutou uma voz que lhe dirijou um madrigal:
- Por vós, transformar-me-ia em rio, se necessário.
Acabou por saber que a voz era do próprio ribeiro, que lhe declarou o seu amor e lhe pediu que o tratasse, ao menos uma vez, por amor. E ela assim o fez e o ribeiro disse-lhe que a seguiria por onde ela fosse.
Acompanhando o pai em nova caminhada, sentiram ambos um ruído que parecia segui-los. O velho parecia recear o ataque de alguém, mas ela procurava tranquilizá-lo.
Chegaram já bastante tarde à entrada duma povoação e encontraram hospedagem. O velho adormeceu e a rapariga foi ver se aquele ruído intermitente era, de facto, do ribeiro. Encontrou-o já um rio grande. E o rio falou-lhe, reiterando o seu amor.
Entusiasmada, ela perguntou-lhe então se poderia adquirir forma humana. Respondeu-lhe que sim, mas se a adquirisse duraria apenas um dia, seria uma vida por 24 horas, e passado esse tempo, desapareceria para sempre. No entanto, como prova do seu amor, dispunha-se o ribeiro, então rio, a assumir-se homem para que ela o visse. Ela rogou-lhe que não o fizesse, mas o rio respondeu-lhe que não tinha nenhuma expectativa de vida, por isso...
E de repente, junto da rapariga surgiu um jovem amável e belo para viver o seu único dia de vida. Iam já lançar-se nos braços um do outro quando surge o pai de Joana, aos gritos, dizendo que ela o atraiçoava com aquele homem. E agarrou-a por um braço, levando-a dali. Chorosa, a jovem acompanhou o pai.
Porém, a figura humana do rio perguntava às pessoas se a tinham visto:
- Aquela senhora, passou por aqui, passou? Passou?
E tanto perguntou por ela que aquele lugar chamou-se doravante Passô. E o rio que banha esse lugar é desde então, o Rio Homem. 


fonte: Lendas de Portugal, Viale Moutinho